Não concordo nem um pouco com as ideias políticas de Mario Vargas Llosa, que está sempre falando em liberdade, mas usa essa palavra para justificar as doutrinas político-econômicas neoliberais, que semearam miséria por onde passaram e só aumentaram as desigualdades sociais, mas, certamente, ele merece ser apontado como um dos melhores escritores da língua espanhola.
Às vésperas do Nobel se referiu de maneira desrespeitosa e injusta ao presidente Lula, mas o Brasil ao menos lhe deve reconhecimento pelo seu magnífico livro A Guerra do Fim do Mundo, um romance estupendo sobre a guerra de Canudos, um dos mais sangrentos episódios de nossa História. O filme Guerra de Canudos (1997), de Sérgio Resende, estrelado por Paulo Betti e Marieta Severo, assemelha-se mais com o romance de Vargas Llosa que com Os Sertões, de Euclides da Cunha, e o jornalista careca interpretado por Bontempo é a cópia fiel do jornalista míope do romance que renasce intelectualmente após a aventura de Canudos.
Agora mesmo divirto-me lendo Tia Julia e o Escrevinhador, um romance autobiográfico em que a figura de um escritor de novelas de rádios nos leva a meditar sobre o que é realmente a Literatura e qual a sua função na sociedade.
Recentemente, Mario Vargas Llosa declarou-se preocupado com os rumos da Venezuela de Chávez que, segundo ele, está para transformar-se numa segunda Cuba. Se lembrarmos que Cuba é um país tropical sem doenças tropicais, livre do analfabetismo e onde o D. Quixote de Cervantes, base da língua espanhola moderna, é um livro presente em todas as casas e lido por todos os estudantes, não parece ser tão mal assim.
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