sábado, 1 de janeiro de 2011

1o de janeiro: Dia de finados

Não gosto do reveillón, porque ele é para mim o verdadeiro dia de finados. No último dia do ano, sempre lembro as pessoas cujos vultos desapareceram “na extrema curva do caminho extremo” e que não estarão comigo para testemunhar e partilhar as alegrias e dores vindouras. Este ano incomodaram-me o assassinato de Alexandre Ivo, de quem não posso me dizer amigo, pois só trocamos umas trinta palavras, uma semana antes de ser ele trucidado pelos filhos de Hitler; derramei muitas lágrimas pelo passamento de Regina Célia, companheira de lutas no Sindicato, mas ela dormia tão plácida em seu esquife que desejei dormir assim quando minha hora chegar; e foi-se o José Saramago, lá em Lanzarote, distante fonte de alegrias.
É uma noite ruim, pois me é negado o sagrado – ainda que não constitucional – direito de dormir em paz, pois os fogos são como fuzis que atirassem contra qualquer movimento de Morfeu. Fico acordado até tarde contra a vontade.
Nos últimos minutos de 2010 e primeiro de 2011 estava lendo “A Interpretação dos Sonhos”, de Freud.

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