12 PERGUNTAS PARA O PASTOR MALAFAIA
Pastor Silas Malafaia,
Em setembro de 2010, nas vésperas das eleições, o sr. espalhou pelo Brasil outdoors com as palavras “Em defesa da família e da preservação da espécie humana. Deus criou macho e fêmea”. Sua intenção era impedir que os eleitores votassem em candidatos que apoiassem os direitos dos homossexuais e a criminalização da homofobia. Se o senhor tem medo de que a espécie humana deixe de existir por causa dos homossexuais e acha que gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são uma ameaça ao nosso país, gostaria de lhe fazer algumas perguntas:
1) O senhor conhece algum país que não tenha homossexuais?
2) O senhor conhece algum país que não tenha heterossexuais?
3) O senhor conhece um país onde não nasça mais ninguém por causa dos homossexuais?
4) Em que artigo da Constituição brasileira está a palavra “pecado”?
5) O senhor é a favor da República e do Estado laico ou acha que a religião tem que fazer parte do governo, como na época do Brasil colônia, quando a Inquisição prendia quem não fosse católico?
6) O senhor acha que deveria haver uma Inquisição para prender quem não vivesse de acordo com as ideias que o senhor defende?
7) Dinamarca, Portugal e Argentina reconheceram as uniões homossexuais. Alguém já foi preso em um desses países por dizer que a homossexualidade é pecado?
8) Pelo menos um homossexual é assassinado a cada dois dias no Brasil. Se as pessoas correm risco de serem assassinadas só por serem homossexuais e são humilhadas diariamente com piadinhas, deboches e outros tipos de constrangimentos, por que elas não se tornam heteros se é questão de escolha?
9) Por que certas pessoas no Irã continuam sendo homossexuais se sabem que podem ser condenadas à morte por causa disso?
10) Por que certos alemães não deixaram de ser homossexuais apesar de Hitler ter tentado matar todos eles nos campos de concentração?
11) Não é mais fácil ser heterossexual?
12) A Organização Mundial da Saúde diz que não há nada errado em ser homossexual. O senhor entende tanto assim de Medicina a ponto de por em dúvida o que diz a Organização Mundial da Saúde?
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Veste a carapuça, Malafaia!
Apesar de um estudo do Grupo Gay da Bahia apontar que a cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil, o pastor Silas Malafaia acha que é paranoia quando nós falamos em homofobia. Ele próprio é um exemplo disso quando espalha pelas nossas cidades outdoors falando em defesa da "preservação da espécie humana". Ora, sr. Malafaia, os homossexuais não ameaçam a espécie humana, pois qualquer pessoa que tenha lido algo mais além de revistas em quadrinhos sabe que em todos os lugares e em todas as épocas pessoas mantiveram relações AMOROSAS homossexuais e a humanidade continuou existindo, pois os homossexuais sempre foram e serão minoria. Uma minoria que tem o direito de viver e não quer continuar sendo caçada simplesmente por AMAR diferente. E quer ter os mesmos direitos dos casais heteros (adoção, comunhão de bens, herança etc.). Mais: o Estado é laico e por isso deve visar o bem comum, ao invés de impor à totalidade da população os preceitos de qualquer religião. E caso o senhor alguma vez tenha lido a Constituição, lá não existe a a palavra "pecado".
domingo, 19 de setembro de 2010
CRIVELLA E A JUSTIÇA
No seu jornalzinho de campanha, Crivella se diz “o senador da família” e “o senador dos injustiçados”. Isso porque apresentou no Senado um projeto que “denomina convivente o estado civil constituído de união estável”. Meu caro senador, não importa se chamamos isso de “convivência” ou de concubinato, o fato é que, há muito tempo, quando um homem e uma mulher vivem juntos têm os mesmos direitos de quem se casou no cartório. Tudo o que Vossa Excelência fez foi arranjar um nome mais bonitinho. Mais importante seria se esses direitos dos casais heterossexuais fossem estendidos também aos casais homossexuais. Fica aí uma sugestão para depois das eleições.
Ele se diz também “o senador dos injustiçados”. Bem, segundo o Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias um homossexual é morto em nosso país só por ser homossexual. Nem no Irã morrem tantos homossexuais! Aqui mesmo em São Gonçalo, o adolescente Alexandre Ivo Rajão foi morto só por causa disso. E o PLC 122, que transforma a homofobia em crime igual ao do racismo continua engavetado por parlamentares conservadores como Vossa Excelência. Que tal assumir que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais também são injustiçados e fazer alguma coisa em favor deles?
Professor Edson Amaro, do CIEP Miguel de Cervantes e do C. E. Trasilbo Filgueiras.
Ele se diz também “o senador dos injustiçados”. Bem, segundo o Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias um homossexual é morto em nosso país só por ser homossexual. Nem no Irã morrem tantos homossexuais! Aqui mesmo em São Gonçalo, o adolescente Alexandre Ivo Rajão foi morto só por causa disso. E o PLC 122, que transforma a homofobia em crime igual ao do racismo continua engavetado por parlamentares conservadores como Vossa Excelência. Que tal assumir que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais também são injustiçados e fazer alguma coisa em favor deles?
Professor Edson Amaro, do CIEP Miguel de Cervantes e do C. E. Trasilbo Filgueiras.
CRIVELLA E A ECOLOGIA
No seu jornalzinho de campanha, Crivella se declara “o senador dos ecoamigos”. Diz que apresentou projeto que “inclui o cerrado, a caatinga, a mata de cocais e os campos sulinos no rol dos biomas brasileiros considerados patrimônios nacionais”. Suas intenções são as melhores, senador, mas de boas intenções o inferno está cheio (talvez Vossa Excelência tenha estudado o tema em Teologia). O cerrado está sendo devastado pelo cultivo da soja para exportação, os campos sulinos, bem como os recursos hídricos do Rio Grande do Sul, estão sendo devastados pela plantação de eucalipto para exportação – tudo isso em nome de trazer divisas para o país: esse é o credo do agronegócio – em prejuízo do meio ambiente e dos pequenos agricultores. E o que o senhor tem feito pela reforma agrária? Posso perguntar ao MST?
Outro dos seus projetos “autoriza o Governo Federal a criar a Agência Nacional de Energias Renováveis”. Então o Governo está autorizado, se tiver vontade de investir em energias renováveis. Não é o que parece, se olharmos os bilhões gastos com a construção da Usina de Belo monte, que alagará um território imenso da Amazônia e expulsará os índios de uma terra que eles consideram santa. Enquanto isso, a Alemanha, país gélido e muito pouco ensolarado, aproveita muito melhor que nosso país tropical, abençoado por Deus, a limpíssima energia solar. Ah, sim, outro projeto “fomenta o uso de energia solar em edificações públicas e privadas, para aquecimento de água”. É por isso que todas as escolas do país e hospitais do país têm agora painéis solares no teto, como todos nós vemos todos os dias, não vemos?
Outro projeto “obriga a veiculação de advertência sobre consumo e escassez de água”. Viram isso nos intervalos comerciais? Então é uma lei para ingleses e eleitores verem na letra miúda da propaganda eleitoral?
Senador, os seus talentos serão melhor aproveitados se Vossa Excelência voltar para a fazenda Canaã para contar às criancinhas da creche a história da Arca de Noé.
Professor Edson Amaro, do CIEP Miguel de Cervantes e do C. E. Trasilbo Filgueiras.
Outro dos seus projetos “autoriza o Governo Federal a criar a Agência Nacional de Energias Renováveis”. Então o Governo está autorizado, se tiver vontade de investir em energias renováveis. Não é o que parece, se olharmos os bilhões gastos com a construção da Usina de Belo monte, que alagará um território imenso da Amazônia e expulsará os índios de uma terra que eles consideram santa. Enquanto isso, a Alemanha, país gélido e muito pouco ensolarado, aproveita muito melhor que nosso país tropical, abençoado por Deus, a limpíssima energia solar. Ah, sim, outro projeto “fomenta o uso de energia solar em edificações públicas e privadas, para aquecimento de água”. É por isso que todas as escolas do país e hospitais do país têm agora painéis solares no teto, como todos nós vemos todos os dias, não vemos?
Outro projeto “obriga a veiculação de advertência sobre consumo e escassez de água”. Viram isso nos intervalos comerciais? Então é uma lei para ingleses e eleitores verem na letra miúda da propaganda eleitoral?
Senador, os seus talentos serão melhor aproveitados se Vossa Excelência voltar para a fazenda Canaã para contar às criancinhas da creche a história da Arca de Noé.
Professor Edson Amaro, do CIEP Miguel de Cervantes e do C. E. Trasilbo Filgueiras.
CRIVELLA E OS NORDESTINOS
É incrível como o senador Crivella explora o analfabetismo político de nossa gente para se promover. No seu jornalzinho de campanha, na primeira página, há a manchete: “Fazenda Canaã: a reforma agrária bem-sucedida”. Se o PROCOM interviesse em assuntos políticos, valia processá-lo por propaganda enganosa. Reforma agrária é distribuir terras, limitar por lei o tamanho das propriedades e apoiar os pequenos agricultores. Qualquer militante do MST sabe disso. Quem quiser saber mais, confira: www.mst.org.br. A fazenda Canaã é propriedade privada do senador, sendo assim, ele não dividiu terras com ninguém. E nenhum cidadão pode fazer reforma agrária sozinho. Isso cabe só ao governo.
E na qualidade de nordestino orgulhoso de suas raízes, que chora ouvindo as canções de Luís Gonzaga que tratam da catástrofe da seca, eu ouço o blá-blá-blá do Crivella sobre sua fazendinha irrigada e me pergunto: e eu com isso? Ele fez o que fez com o dinheiro dele numa propriedade que pertence a ele, mas eu, toda vez que compro alguma coisa pago impostos e o dinheiro desses impostos deveria servir para auxiliar as populações do semi-árido a conviverem com a seca, financiando obras úteis à região e ensinando ao povo técnicas de cultivo aptas a resistirem à seca. E quando foi que o senador Crivella perguntou no Senado para onde tem ido o dinheiro que o governo destinou todos esses anos para enfrentar a seca? Quando foi que ele citou “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, no Senado, livro no qual o jornalista fluminense já estudava o problema e propunha soluções em 1902?
De fato, o falecido Euclides da Cunha tem feito mais pelo Nordeste que o vivíssimo Crivella.
Professor Edson Amaro, do CIEP Miguel de Cervantes e do C. E. Trasilbo Filgueiras.
E na qualidade de nordestino orgulhoso de suas raízes, que chora ouvindo as canções de Luís Gonzaga que tratam da catástrofe da seca, eu ouço o blá-blá-blá do Crivella sobre sua fazendinha irrigada e me pergunto: e eu com isso? Ele fez o que fez com o dinheiro dele numa propriedade que pertence a ele, mas eu, toda vez que compro alguma coisa pago impostos e o dinheiro desses impostos deveria servir para auxiliar as populações do semi-árido a conviverem com a seca, financiando obras úteis à região e ensinando ao povo técnicas de cultivo aptas a resistirem à seca. E quando foi que o senador Crivella perguntou no Senado para onde tem ido o dinheiro que o governo destinou todos esses anos para enfrentar a seca? Quando foi que ele citou “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, no Senado, livro no qual o jornalista fluminense já estudava o problema e propunha soluções em 1902?
De fato, o falecido Euclides da Cunha tem feito mais pelo Nordeste que o vivíssimo Crivella.
Professor Edson Amaro, do CIEP Miguel de Cervantes e do C. E. Trasilbo Filgueiras.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
A farra dos livros
Só agora, aos 33 anos, estou lendo “A Origem das Espécies”, um dos livros mais importantes de nossa civilização e estou me deliciando com o estilo de Darwin, elegante e acessível ao leitor mediano, repleto de questionamentos sobre a antiga Biologia, calcada no mito da Criação e no fixismo da natureza. Lá pelo terceiro capítulo comecei a pensar: por que não entregar um exemplar dessa obra a cada estudante do país?
As razões são duas: uma para não irritar as igrejas que, na encolha, reconhecem os méritos desse homem que mudou todo o pensamento científico, mas que, à luz do sol, continuam contando aos fiéis a velha fábula do Éden como se fosse fato histórico e não a fábula que é. Isso porque estão comprometidas com a manutenção de tudo o que é velho; porque vendem a mentira da eternidade das instituições, embora, dentro de seus próprios templos, não haja mais espaço para a eternidade, como havia naquelas magníficas catedrais medievais que levavam séculos para ficarem prontas e abrigavam em seu interior os túmulos dos ilustres, a espera da ressurreição que nunca vem; porque dar aos fiéis a liberdade de questionar uma única página da Bíblia seria abrir caminho para que o livro todo fosse questionado e então, o que seria dos curas e de suas sinecuras?
A outra razão é que o capitalismo, embora se diga eterno, é inimigo de tudo o que é perene. Vivemos a civilização do descartável, a arte celebra “a maior banda de todos os tempos da última semana” e a ambição maior da indústria automobilística é inventar o carro de papel, para que seja trocado a cada chuva.
Por isso, a cada três anos, nós, professores, somos convocados a eleger os novos livros didáticos de cada matéria e são permitidas às editoras coisas que não se permitem aos candidatos aos poderes Executivo e Legislativo. E, como a cada ano, elegem-se os livros de uma ou duas matérias, todos os anos cataratas de dinheiro público são gastos em livros descartáveis, que pouco ou nada contribuem para apresentar aos nossos jovens as grandes realizações da Arte, da Ciência e da Filosofia.
Acho que, ao invés de tantos livros efêmeros, seria melhor entregar aos jovens obras duradouras em domínio público: no último ano do Ensino Fundamental ou no primeiro do Ensino Médio, entregar-lhes uma boa tradução de “A Origem das Espécies” e mais nada para o estudo da Biologia nesse ano; ninguém deveria concluir o 9º ano sem conhecer ao menos um Sermão do Padre Vieira, um romance de José de Alencar e outro de Machado de Assis; ninguém deveria ingressar na Universidade sem ter lido “Os Lusíadas” inteiro; por que terminar o Ensino Fundamental sem ler “Declínio e Queda do Império Romano”, de Gibbon, no curso de História e “A República”, de Platão e os “Ensaios”, de Montaigne e “O Contrato Social”, de Rousseau nas aulas de Filosofia ou Sociologia? Para que os alunos se sentissem seguros de conhecer uma língua estrangeira, que se lhes entregasse um romance de Jane Austen onde se lecionasse Inglês, um de Alexandre Dumas ou de Flaubert onde se optasse pelo Francês, as “Novelas Exemplares”, de Cervantes no caso do Espanhola ou mesmo as peças de García Lorca.
Caramba! Falei o nome de Lorca. Vão achar que eu sou comunista. E sou mesmo. Só mesmo um comunista para desejar tanta leitura séria num país em que a escola pública forma analfabetos funcionais. E a privada? Será que estimula o pensamento crítico?
As razões são duas: uma para não irritar as igrejas que, na encolha, reconhecem os méritos desse homem que mudou todo o pensamento científico, mas que, à luz do sol, continuam contando aos fiéis a velha fábula do Éden como se fosse fato histórico e não a fábula que é. Isso porque estão comprometidas com a manutenção de tudo o que é velho; porque vendem a mentira da eternidade das instituições, embora, dentro de seus próprios templos, não haja mais espaço para a eternidade, como havia naquelas magníficas catedrais medievais que levavam séculos para ficarem prontas e abrigavam em seu interior os túmulos dos ilustres, a espera da ressurreição que nunca vem; porque dar aos fiéis a liberdade de questionar uma única página da Bíblia seria abrir caminho para que o livro todo fosse questionado e então, o que seria dos curas e de suas sinecuras?
A outra razão é que o capitalismo, embora se diga eterno, é inimigo de tudo o que é perene. Vivemos a civilização do descartável, a arte celebra “a maior banda de todos os tempos da última semana” e a ambição maior da indústria automobilística é inventar o carro de papel, para que seja trocado a cada chuva.
Por isso, a cada três anos, nós, professores, somos convocados a eleger os novos livros didáticos de cada matéria e são permitidas às editoras coisas que não se permitem aos candidatos aos poderes Executivo e Legislativo. E, como a cada ano, elegem-se os livros de uma ou duas matérias, todos os anos cataratas de dinheiro público são gastos em livros descartáveis, que pouco ou nada contribuem para apresentar aos nossos jovens as grandes realizações da Arte, da Ciência e da Filosofia.
Acho que, ao invés de tantos livros efêmeros, seria melhor entregar aos jovens obras duradouras em domínio público: no último ano do Ensino Fundamental ou no primeiro do Ensino Médio, entregar-lhes uma boa tradução de “A Origem das Espécies” e mais nada para o estudo da Biologia nesse ano; ninguém deveria concluir o 9º ano sem conhecer ao menos um Sermão do Padre Vieira, um romance de José de Alencar e outro de Machado de Assis; ninguém deveria ingressar na Universidade sem ter lido “Os Lusíadas” inteiro; por que terminar o Ensino Fundamental sem ler “Declínio e Queda do Império Romano”, de Gibbon, no curso de História e “A República”, de Platão e os “Ensaios”, de Montaigne e “O Contrato Social”, de Rousseau nas aulas de Filosofia ou Sociologia? Para que os alunos se sentissem seguros de conhecer uma língua estrangeira, que se lhes entregasse um romance de Jane Austen onde se lecionasse Inglês, um de Alexandre Dumas ou de Flaubert onde se optasse pelo Francês, as “Novelas Exemplares”, de Cervantes no caso do Espanhola ou mesmo as peças de García Lorca.
Caramba! Falei o nome de Lorca. Vão achar que eu sou comunista. E sou mesmo. Só mesmo um comunista para desejar tanta leitura séria num país em que a escola pública forma analfabetos funcionais. E a privada? Será que estimula o pensamento crítico?
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