domingo, 19 de setembro de 2010

CRIVELLA E OS NORDESTINOS

É incrível como o senador Crivella explora o analfabetismo político de nossa gente para se promover. No seu jornalzinho de campanha, na primeira página, há a manchete: “Fazenda Canaã: a reforma agrária bem-sucedida”. Se o PROCOM interviesse em assuntos políticos, valia processá-lo por propaganda enganosa. Reforma agrária é distribuir terras, limitar por lei o tamanho das propriedades e apoiar os pequenos agricultores. Qualquer militante do MST sabe disso. Quem quiser saber mais, confira: www.mst.org.br. A fazenda Canaã é propriedade privada do senador, sendo assim, ele não dividiu terras com ninguém. E nenhum cidadão pode fazer reforma agrária sozinho. Isso cabe só ao governo.
E na qualidade de nordestino orgulhoso de suas raízes, que chora ouvindo as canções de Luís Gonzaga que tratam da catástrofe da seca, eu ouço o blá-blá-blá do Crivella sobre sua fazendinha irrigada e me pergunto: e eu com isso? Ele fez o que fez com o dinheiro dele numa propriedade que pertence a ele, mas eu, toda vez que compro alguma coisa pago impostos e o dinheiro desses impostos deveria servir para auxiliar as populações do semi-árido a conviverem com a seca, financiando obras úteis à região e ensinando ao povo técnicas de cultivo aptas a resistirem à seca. E quando foi que o senador Crivella perguntou no Senado para onde tem ido o dinheiro que o governo destinou todos esses anos para enfrentar a seca? Quando foi que ele citou “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, no Senado, livro no qual o jornalista fluminense já estudava o problema e propunha soluções em 1902?
De fato, o falecido Euclides da Cunha tem feito mais pelo Nordeste que o vivíssimo Crivella.
Professor Edson Amaro, do CIEP Miguel de Cervantes e do C. E. Trasilbo Filgueiras.

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