Neste dia 27/06/2010, fizemos uma passeata em São Gonçalo, RJ, para protestar contra o sequestro, tortura e morte do adolescente Alexandre Ivo por skinheads que determinaram que ele era gay e, portanto, deveria morrer. Crimes assim se repetem todos os dias pelo Brasil. E os LGBTs não são condenados (sem processo ou julgamento) apenas à morte física, mas à morte social, ao achincalhe, ao linchamento, ao apedrejamento moral todos os dias, pois, como disse certo romancista italiano do séc. XIX cujo nome não recordo, "não é somente metendo uma faca no peito que se mata um homem".
O primeiro passo para se curar esse mal tem sido dado por militantes, ativistas, educadores, escritores, artistas, sindicalistas etc., gente da sociedade civil que combatem dia a dia a homofobia. Passo maior poderia ser dado pelo Parlamento, se aprovasse o PLC 122, que declara a homofobia crime inafiançável, tal como o racismo. A Câmara dos Deputados já deu seu parecer a favor, mas o Senado se faz esperar e os LGBTs ameaçados de morte todos os dias têm pressa.
O Senado tem as mãos sujas de sangue, por cada dia de espera, de protelação, por obra e graça de parlamentares fundamentalistas que, com a Bíblia nas mãos, dizem que "amam os homossexuais mas não a homossexualidade". Se algum negro está lendo este texto, gostaria de lhe perguntar o que acharia de alguém que dissesse "amo os negros mas não a negritude", como se ser negro fosse um defeito e estivesse em suas mãos deixar de ser negro e escapar do racismo que quer eliminá-lo. Da mesma forma, por que essas pessoas escolheriam ser LGBTs se pudessem optar pelo caminho mais fácil da heterossexualidade?
Dizem eles que defendem a família, mas que defesa é essa que contribui com o que desagrega as famílias? O ódio, o desprezo, o desrespeito aos LGBTs afasta pais de filhos, irmãos de irmãos, tios de sobrinhos, primos de primos, avós de netos, ergue um "apartheid" separando os galhos da árvore genealógica.
Mesmo assim, citarei as Escrituras para aqueles que fazem questão de lê-las. Quando Caim matou Abel e o Senhor lhe perguntou sobre seu irmão, ele respondeu covardemente: "Não sei: sou eu guardador do meu irmão?" (Gênesis 4: 9) Esta é a resposta de todos os assassinos que mentem a sua culpa. Sim, somos todos guardiãos de nossos irmãos. E, se nos calamos, se fechamos os ouvidos ao clamor do sangue que pede Justiça, nos tornamos cúmplices.
Edson Amaro, diretor do SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), núcleo São Gonçalo
domingo, 27 de junho de 2010
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