domingo, 28 de fevereiro de 2010

ABC do Poeta Dante Alighieri

ABC do Poeta Dante Alighieri


A história do poeta
Dante, o maior de Florença,
Vou cantar neste cordel
Para Vossa “Excelença”
Que eu sei que me ouvirá
Com respeito e “paciença”.


Beatriz foi a mulher
Que o amor lhe inspirou
Conforme na “Vida Nova”
O adolescente contou
Em versos apaixonados
Que a cidade consagrou.


Coube a Deus o final
Dessa história decidir
Quando à Sua excelsa Glória
Mandou a moça subir,
Deixando o triste poeta
Quase em prantos sucumbir.


Dante ao Inferno desceu
Tão dura foi a sua dor
De ver irrealizado
O seu sonho de amor.
Já adulto escreveu
Um poema inovador:


Essa “Divina Comédia”
Da Itália é a História
E também desse amor
Que não nos sai da memória;
Também de todo cristão
Que almeja entrar na Glória.


Foi no meio do caminho
De nossa vida tão dura
Que, por estrada errada,
Ele entrou na selva escura
Que antecede a entrada
Da infernal amargura.


Grande era a fé que ele tinha
Naquela Santa Luzia
A quem todo santo dia
Por sua vista pedia,
Tendo grande esperança
De que cego não morria.


Havia no Limbo um sábio
Que a Jesus não conheceu.
Era o poeta Virgílio
Que lá em Roma viveu,
Autor do poema “Eneida”,
Que o Dante tanto leu.


'Inda mais a Beatriz
Se dispôs a ajudar:
Resolveu que ao Inferno
Em pouco tempo ia baixar
Pra pedir que o Virgílio
Fosse a Dante auxiliar.


Já estava Dante ansioso
Para a Florença voltar
Quando Virgílio entre as sombras
Pôde se apresentar,
Dizendo que Beatriz
Ele iria avistar.


Lá no Limbo ela pediu-lhe
Que pelo Inferno o guiasse
E, subindo o Purgatório,
Em suas mãos o entregasse,
Pois lhe mostraria o Céu
Antes que à casa voltasse.


Medo é claro que teve
O poeta de lá entrar
E ficar sem esperança
De um dia retornar.
“Aqui – disse então Virgílio –
Todo o temor vai deixar”.


Na barca de Caronte entraram
Pra chegar ao outro mundo
E avistaram os covardes
Cobertos de enxame imundo
Sem merecer-lhes atenção
E seguiram rumo ao fundo.


"O poeta não morreu,
Foi ao Inferno e voltou”,
Como bem disse um roqueiro
Que a ele se comparou.
Mas também no Purgatório
Com Virgílio caminhou.


Personagens tantos viu,
Cada um com sua história,
Papas, reis, imperadores,
Antes cobertos de glória,
Sofrendo tanto e pedindo
Ao bom Deus misericórdia.


Quando ao Céu, enfim, chegou
Foi por mão de Beatriz.
Das belezas que lá viu
Nada o deixou mais feliz
Que o rosto de quem era
De seu peito imperatriz.


Radiante como toda
Dama a quem nos dedicamos,
Nunca destruindo o tempo
A beleza que lhes damos,
Pois não lhes cabe no corpo
E é na alma que a guardamos.


São Tomás encontrou logo
Entre os sábios descansando.
Lá seu bisavô cruzado,
Cacciaguida venerando,
Ao poeta revelou
Seu futuro miserando.


Também meu querido frei
São Francisco de Assis
Mereceu o seu lugar.
Nessa parte tão feliz
Um capítulo inteiro
Dedicar-lhe Dante quis.


Umbro foi de nascimento,
Universal pelo amor
Que aos homens e à natureza
Ensinou tal pregador.
A tudo renunciou
Pra servir ao Salvador.


Ver a Deus lá no Etéreo
Pôde o bardo ao final
Mas não pôde descrever
A perfeição do Imortal,
Vendo que tudo se move
Pelo amor do Deus Real.


Xi!, ouvinte meu tão caro,
Não me venha criticar
Essa história verdadeira
Que acabo de contar
Pois comigo e co’ a Itália
Inteirinha vai brigar.


Z é a letra final
Do alfabeto do cordel.
Pintei o melhor que pude,
Tendo os versos por pincel,
Este mural que retrata
Hades, Purgatório e Céu.

Iniciado em 27 de junho de 2002, findo em 5 de julho de 2004, entre Niterói e São Gonçalo, RJ.

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