sexta-feira, 15 de julho de 2011

CORDEL DESENCANTADO

CORDEL DESENCANTADO



Cavendish emprestou um helicóptero
Pro Cabral descansar lá na Bahia
(Pois com nosso dinheiro uma orgia
Fazem as empreiteiras diariamente)
Enquanto nosso povo descontente
Aplaudia os bombeiros que o tirano
Aprisionara num ato desumano.
As escolas estavam já em greve
Pra cobrar do governo o que se deve
Nos dez pés de martelo alagoano.



Despencando no mar a aeronave,
Revelou-se o que estava escondido,
E não foi o imbróglio desmentido;
Antes o mar de lama fede mais,
Isenções descobrindo-se imorais
Como de que só lucra envenenando
O povo pobre que sofre a consequência
Do desenvolvimento da demência
Nos dez pés de martelo alagoano.



A Krupp no sertão matou Canudos;
Em Santa Cruz matando está os pobres
Sem pagar ao Estado os seus cobres
Que na Saúde deviam ser usados.
Educadores gritam indignados
Contra um secretário leviano
E seu plano de metas mais que insano.
Para que nos livremos desse mal
Gritemos juntos contra o vil Cabral
Nos dez pés de martelo alagoano.

domingo, 17 de abril de 2011

O cinema 3D reabilitado!

Finalmente uma produção que justificou a existência da tecnologia #D. Na minha última postagem, falei, mais uma vez, contra o cinema 3D, mas assistir a ópera "Carmen", de Bizet, em 3D foi a experiência artístic amais emocionante que já vivenciei numa sala de cinema. Foi melhor que ver a ópera em um teatro! O maestro e os cantores estavam quase sempre de corpo inteiro na tela. As aproximações eram, no máximo, do joelho para cima, então não tínhamos que suportar aqueles closes ridículos que fazem cabeças enormes saltarem da tela. Isso tornou mais verossímeis as imagens. Era como se estivéssemos no palco, junto aos intérpretes. Sentimo-nos no meio do coral das crianças. E a chuva de pétalas que festejava a entrada dos toureiros foi um encanto! Parecia que podíamos tocar as pétalas que caíam diante de nossos olhos.
Pela primeira vez, uma produção em 3D que valeu a pena ter sido feita.

domingo, 6 de março de 2011

Cinema 3D

Detesto cinema 3D. Minha única experiência até agora foi com o filme "Fúria de Titãs". Ingresso mais caro, aqueles óculos que cansam a vista da gente (não aguentei ver o filme todo com eles) e um péssimo roteiro. A nova versão só supera aquela que eu vi tantas vezes na minha infância no quesito efeitos especiais, que estão mais modernos, a tecnologia avança, mas o filme foi só um pretexto para exibir essa nova tecnologia. Acho que atores não deveriam se rebaixar a participar de filmes que valorizam mais a computação digital que a eles próprios.
E domingo que vem vou assistir "Carmen 3D". Eu já tinha comprado um ingresso quando arranjei o DVD da ópera numa banca de jornal, versão antiga com José Carreras representando Don José. A ópera é magnífica. Não precisa da inútil tecnologia 3D para encantar o público.
Agora que já gastei o dinheiro com o ingresso, quero ver a atuação dos intérpretes, os cenários, os figurinos, coisas que eu curtiria muito bem em 2D, porque nós sempre percebemos os filmes exibidos em duas dimensões como se tivessem três, pois nosso mundo é tridimensional e nossa mente está programada para entender as imagens dessa maneira. Quando um carro aparece pequenino na tela e vai crescendo, nós entendemos que ele se aproxima, pois é assim que nós vemos a aproximação dos objetos na vida real.
O cinema 3D não é mais que isso: os dois objetos mais próximos da câmera se destacam, parecem sair da tela, mas continuam planos, não se parecem reais como se estivessem em carne e osso diante de nossos olhos. Então se nao dá pra ver "Carmen" no teatro, seria melhor fazer o filme em 2D mesmo. Ficaria mais barato.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O merecido Nobel de Literatura para o reacionário Mario Vargas Llosa

Não concordo nem um pouco com as ideias políticas de Mario Vargas Llosa, que está sempre falando em liberdade, mas usa essa palavra para justificar as doutrinas político-econômicas neoliberais, que semearam miséria por onde passaram e só aumentaram as desigualdades sociais, mas, certamente, ele merece ser apontado como um dos melhores escritores da língua espanhola.
Às vésperas do Nobel se referiu de maneira desrespeitosa e injusta ao presidente Lula, mas o Brasil ao menos lhe deve reconhecimento pelo seu magnífico livro A Guerra do Fim do Mundo, um romance estupendo sobre a guerra de Canudos, um dos mais sangrentos episódios de nossa História. O filme Guerra de Canudos (1997), de Sérgio Resende, estrelado por Paulo Betti e Marieta Severo, assemelha-se mais com o romance de Vargas Llosa que com Os Sertões, de Euclides da Cunha, e o jornalista careca interpretado por Bontempo é a cópia fiel do jornalista míope do romance que renasce intelectualmente após a aventura de Canudos.
Agora mesmo divirto-me lendo Tia Julia e o Escrevinhador, um romance autobiográfico em que a figura de um escritor de novelas de rádios nos leva a meditar sobre o que é realmente a Literatura e qual a sua função na sociedade.
Recentemente, Mario Vargas Llosa declarou-se preocupado com os rumos da Venezuela de Chávez que, segundo ele, está para transformar-se numa segunda Cuba. Se lembrarmos que Cuba é um país tropical sem doenças tropicais, livre do analfabetismo e onde o D. Quixote de Cervantes, base da língua espanhola moderna, é um livro presente em todas as casas e lido por todos os estudantes, não parece ser tão mal assim.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Fribugo 4

O Jardim do Nego apareceu na TV. Nem todas as esculturas foram danificadas e o artista está disposto a reparar as que sofreram danos. Agora é seguir em frente.
Quero visitar Friburgo o mais rápido possível e conhecer esta maravilha da Região Serrana.

Hitler ficaria feliz

Alguém atende o telefone e recebe instruções para trair o seu grupo em troca de dinheiro. "Você é o sabotador". E o canalha aceita o papel que lhe dão.
Alguém atende o telefone e lhe dizem que deve escolher alguém para ficar 17 horas angustiantes numa solitária. E cumpre a tarefa.
A mensagem é clara: cumpra as ordens que receber, mesmo que assim você prejudique as pessoas. Pensem apenas em si mesmo! Hitler aplaudiria de pé esse programa.
Se houvesse um chefe de Estado neste país, a Globo teria saído do ar imediatamente após a exibição do primeiro Big Bosta.

E por maior ironia, após esta merda será exibida uma minissérie sobre Chico Xavier, que passou a vida ensinando e praticando o amor ao próximo.

Friburgo 3

Quando soube pelo telejornal da Globo que a igreja Nova Vida de Teresópolis tinha virado um necrotério, pois o IML municipal não tinha espaço para tantos corpos, pensei: "Fizeram isso com o consentimento da cúpua da igreja, que já deve estar se mobilizando para ajudar as vítimas da catástrofe". Corri à igreja Nova Vida de Alcântara oferecer-me como voluntário. Foi um dos diálogos mais surreais da minha vida. A recepcionista ficou maravilhada e queria me converter, disse que eu, com tanta disposição para ajudar, seria um ótimo missionário na Índia. (Ser missionário é algo tão complexo que até Homer Simpson já foi um...) Ah, que trabalho explicar que eu não estou interessado em igreja nenhuma, que quero só ajudar as pessoas. "Se a televisão tivesse falado de uma igreja católica, de uma casa espírita, de um terreiro de candomblé, eu iria me apresentar lá da mesma forma."
Não acreditava que me chamassem depois desse diálogo, mas me chamaram e passei a semana quase toda - exceção da quinta - trabalhando como voluntário, separando as doações - a maioria roupas, o que está longe de ser o mais necessário. Roupas são usadas várias vezes: os alimentos são usados só uma vez.
E há quem atrapalhe os voluntários, doando roupas imprestáveis. Carregamos peso e perdemos tempo separando o que só serve para o lixo. E acham que fazem caridade.